Em Dezembro de 2017, um passeio por Ferreira do Zêzere fez-me presenciar uma amostra da devastação gerada pelos incêndios que ocorram nesse ano.
Era ainda possível sentir o que ali acontecera, não só a um nível mais imediato/visual, mas também pelo ainda persistente cheiro a queimado, ou o silêncio revelador da ausência de vida no local.
As imagens resultantes desta visita são paisagens assombradas: pelo fantasma do fogo, pela inevitabilidade de imaginarmos o potencial cénico destas paisagens (caso não tivessem ardido), ou pelo sobrepor destas fotografias ao dramatismo das imagens de combate às chamas que todos vimos nos meios de comunicação.
Foi precisamente a dualidade entre a paz que se sente naquele silencioso cenário, em contraste com a carga pesada que lhe é projetada (por saber e imaginar o que ali sucedeu), que desperta uma ansiedade, um nó na garganta, que é o verdadeiro sujeito destas fotografias.
imagens © Ricardo Silva Cordeiro
On December 2017, I managed to witness the devastation of the wildfires which happened on Portugal hottest months that year.
I visited one of the places which were more affected, Ferreira do Zêzere. After months passed, it was still possible to feel what happened there, not only in a immediate / visual level, but also by the burnt scent which was still present or the overwhelming silence, a sign of how lifeless the place became.
The images that resulted from this visit are haunted landscapes: by the ghost of the fire, by our capacity to imagine the landscape potential if it weren't burnt, or by the the juxtaposition of these silent landscapes to the drama of the fire-fighting seen on the media channels.
The duality between the peace of that scenery in contrast to the heavy load it carries, gives place to a certain anxiety which is the real subject of these photographs.
See more photos of this project on my photography-dedicated websiste: www.silvacordeiro.com
All images are © Ricardo Silva Cordeiro